Pássaro e ovo: um ensaio-sonho dedicado a Rubem Valentim, Yhuri Cruz (2021 | Editado em 2022)
” Na medida em que a luz e a sombra dançam sobre os mistérios, o pássaro liberto e selvagem adentra, discreto e distinto, o templo. Sobrevoa e observa os altares. Um vôo solene, circular e sem ruídos. Ele está em movimento e na altura certa de ser sintético com o sagrado, de refletir sobre linhas e curvas e cores que se tornam disformes pela fé humana, mas que sob seus olhos, que se acostumaram com os grafismos terrestres, e sob suas asas que desenham as linhas de seu vôo, são apenas tramas do espírito, organizadas complexamente: contínuas composições emblemáticas. O altar se construía como um encanto planificado. Eu disse a ele, sem saber se ele escutaria: — Rubem, eu consigo ver nas formas os altares. “ (Yhuri Cruz, 2022)
O ensaio-sonho “Pássaro e Ovo” é um texto comissionado pela Collección Patrícia Phelps de Cisneros para o projeto “Rotas Alternativas” com curadoria de Bruno Pinheiro e Horacio Ramos Cerna. Clique a seguir para: Pássaro e ovo – versão em português e Bird and Egg – English version.
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O Túmulo da terra (PRETUSI), poesia de Yhuri Cruz (2021)
” E rolei / O fio que ligava o sol a minha cabeça se rompeu / Desmantelado na pedreira preta / Fora do alcance da luz / Meu corpo enroscava apenas na gravidade / Que me agigantava como uma titânica rocha de pesar / Eu estava no túmulo da terra / Comecei a deixar pra trás a presença / No barranco íngreme da pedreira que rolava / Quando te ouvi // Sim sim Sim (…)” (Yhuri Cruz, 2021)
A poesia “O Túmulo da Terra (Pretusi)” inspira o filme homônimo “O Túmulo da Terra”, de Yhuri Cruz. Clique aqui para ler a poesia: O Túmulo da Terra (Pretusi)
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Pretofagia: um ensaio-cena em 4 atos, Yhuri Cruz (2019 | Editado em 2020)
“E em meio à desordem de uma cena recusada que resultou em uma série de corpos perdidos, ancestrais vagantes, iluminados por uma centelha que incendeia cada vez mais forte e ilumina: o espaço-escuro, o precipício, seu corpo novo e esvaziado e todos os que te compunham antes de sua implosão. Em meio a isso tudo você começa a se mover como se alguém te chamasse. Alguém do núcleo saudável, vivo, preto. Todas as suas bocas escancaradas de fome, e você encontra você… Sua voz te diz: – Ei, eu sou você. Me coma, preto.” (Yhuri Cruz, 2019)
A publicação “Pretofagia: um ensaio-cena em 4 atos” está à venda. Adquira em: www.bancacarrocinha.com (loja online da editora) ou yhuricruzart@gmail.com (diretamente com o autor).
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Vênus em dois atos, de Saidiya Hartman, Tradução não-oficial de Yhuri Cruz para a cena Anastácia como Vênus, com Caju Bezerra, Iagor Peres e Jade Zimbra (2020)
” O que mais há para saber? O destino dela é o mesmo de todas as outras Vênus Negras: ninguém lembrou de seu nome, gravou as coisas que ela dizia ou observou que ela se recusava a dizer o que quer que seja.² A história dela é aquela tardia, contada por uma testemunha rejeitada. Antes, séculos passariam até que lhe fosse permitida “tentar sua língua”. (Saidyia Hartman, traduzida por Yhuri Cruz, 2020)
Para ler o texto-arquivo que surge a partir de uma cena ao vivo, clique e baixe a seguir: Vênus em dois atos, de Saidiya Hartman (Tradução de Yhuri Cruz)
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Poesia Fugitiva, Yhuri Cruz (2020)
“No começo, ela fica imóvel, quase-morta no indicador. Paralisada. Uma serpente atroz, atenta, dias em transe esperando o momento onde meu corpo é só carne latente e anuviada, pra palavra-fugitiva picar implacável seu código, que é um tipo de boca memorial que existe em cada fuga e em cada morte e em cada linguagem, até que esse código adormeça entre os dedos se apossando de minha mão, esse membro que é o próprio pulmão para a escrita.” (Yhuri Cruz, 2020)
Clique aqui para baixar: Poesia Fugitiva (2020)
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Monumento-documento à presença, Yhuri Cruz (2018)
“Em vista aos resultados e os questionamentos da pesquisa listados acima, eu Yhuri Cruz, na minha posição de artista negrx lgbt do subúrbio do Rio de Janeiro, em processo constante de compreender minhas vulnerabilidades e privilégios dentro e fora do meu tempo e território, proponho como meu projeto final do Curso de formação e deformação 2018 – Qualquer direção fora do centro – organizado por Ulisses Carrilho e Keyna Eleison, realizado na gestão de Fábio Szwarcwald, um MONUMENTO À PRESENÇA, que se dará na forma de um documento/acordo, assinado e carimbado, reconhecido por testemunhas” (Yhuri Cruz, 2018)
Clique aqui para baixar: Monumento-documento à presença (2018)
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Nenhuma direção a não ser ao centro, Yhuri Cruz (2018)
” Eu tiro uma lança do meu próprio chão e com ela cravo meu centro – leia-se aqui a margem, o subúrbio, a periferia. Na margem, eu estabeleço meu ponto de equilíbrio. E segurando a arma que à mim foi arremessada, revido. Contra-ataco.” (Yhuri Cruz, 2018)
Clique aqui para baixar: Manifesto-cena – Nenhuma direção a não ser ao centro (2018)
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